domingo, fevereiro 01, 2009

das esperas e da paixão...

Hoje descobri coisas importantes (nada como rezar com músicas pagãs - Titãs e Deolinda!). O que descobri é descoberta não por ser inédito mas por ser novo pra mim.
Descobri que estamos sempre à espera. Passamos a vida à espera de alguém ou de alguma coisa. Esperamos pelo que é certo (?) que possa acontecer, pelo que não é certo e em alguns casos, como eu, até pelo que não sabemos que existe. Esperamos sempre.
As mulheres pelos maridos e maridos pelas mulheres. As mães pelos filhos. Os alunos pelos professores, os empregados pelos patrões. As viagens pelos comboios e aviões e barcos. Os amores pelo Amor. As músicas pelas canções. Os sonhos pela noite e por alguns dias de coragem e sorte. As estradas pelos caminhos. As vidas pelo sentido. O mar pelas marés. As estrelas pela noite. A noite pelo dia e às vezes até o dia pela noite. As procuras pelos encontros. As dúvidas pelas certezas. A alegria pelos sorrisos. Os amigos pela Amizade. A emoção pelas lágrimas. Os corações pelo aconchego. A guerra pela paz e a paz pela esperança. Deus pelos homens. Os homens por Deus.
E as esperas podem ser vividas de tantas formas como tantos homens existem à face da terra. Eu espero agora. Por tantas coisas que o meu coração não tem descanso. Mas tem tranquilidade. Tem que ter. Mais que tranquilidade, confiança. E confiança não é segurança, por isso ainda não me habituei muito a esperar. Ainda tenho aquele instinto impulsivo e precipitado que sempre me fez sofrer por antecipação. É extraordinário como é possível ter a capacidade de sofrer apenas pela ideia do sofrimento e ainda mais extraordinário como se procura isso. As minhas esperas custam-me horrores mas são caminhos e há caminhos que têm que ser percorridos para determinadas metas serem alcançadas. Por isso espero, não tão bem como devia, mas melhor que antes.
E no meio das esperas descubro a paixão.
Se alguém me perguntar se estou apaixonada, só posso responder que sim.
Apaixonada pela vida e pelas pessoas. E daí a instabilidade das grandes euforias e das dores profundas, agonizantes (daí o gostar também da música dos Deolinda - Movimento Perpétuo Associativo). Gostava de pensar que esta paixão é assim, ainda que em pequeníssima escala, parecida com a de S.Paulo. Uma paixão que me faz amar profundamente, ter força, coragem, energia, desespero, angústia. E estar apaixonado pela vida implica grandes alegrias por pequenas coisas e grandes angústias pelo que o meu coração ainda não consegue alcançar na plenitude. Implica exagero e impulsividade. Implica as consequência do exagero e da impulsividade mas também a autenticidade das primeiras vontades, ainda que não filtradas nem racionalizadas. Ainda que não necessariamente boas. Ainda que às vezes nem levem os outros em consideração.
Mas as paixões não duram e o passo até ao Amor é grande, pelo que acredito que algures aqui no meio virão os dias de monotonia e os dias que não existem porque nada acontece. Nem grandes tristezas nem grandes alegrias. E esses são os maiores e mais longos. Mas seja o que for! Haja o que houver! Que por enquanto a paixão ainda me faz falar assim!

E obrigada, apaixonadamente, aqueles que acompanham e partilham este caminho comigo!

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1 comentário:

centrípeta disse...

" Que por enquanto a paixão ainda me faz falar assim!"

E falas mui bien... :D

Que regalo para os olhos ler-te!!

À espera de Godot, do Beckett. Aconselha-se. A peça fala disso mesmo, estamos sempre à espera de algo. Mas aqui é sentido diferente. É aquela espera que nos detém e retém. Que nos explora e exausta...

Um grande beijinho!!

É difícil conjugar ensaios com Orações de Taizé... temos de arranjar outro alibi para nos encontrarmos. :D

Um abraço apertado, m.