segunda-feira, março 28, 2011

do mal

sabemos que há mal. sabemos que há muito mal no mundo e a nossa reacção básica é fugir. é uma espécie de auto-preservação. e bem. 

só que há males que são mais rápidos que as nossas pernas, mais perspicazes que a nossa imaginação, mais fortes que as nossas fracas defesas. e é nessas alturas que a tristeza nos invade. como é o mal pode ser tão mau?

não deixo de me surpreender com a minha surpresa perante o mal. sei que ele existe, já o experimentei muitas vezes, mas ele apanha-me sempre desprevenida. revolta-me as entranhas, tira-me voz e vida.

passo a vida a procurar focar-me na "implementação" do bem, a tentar promover o lado humano das pessoas e isso traz-me muitas graças, faz-me descobrir que o bem é sempre maior do que o que espero. mas depois o embate brutal com o mal também é mais dilacerante. pela graça, precisamente, de viver rodeada de muito bem.

não o deixo matar-me, não o deixo deitar-me abaixo, sei que sou mais forte que ele, mas o seu impacto é sempre estupidamente doloroso. 

é de natureza do ser humano: "É que o é o bem que eu quero que faço, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico." (Rm 7, 19) mas é penoso à mesma, sobretudo quando o encontramos em sítios e em nome de coisas que nada deveriam ter a ver com o mal.

mas eu acredito profundamente na vitória do bem, do Amor. não tenho nenhuma razão, para não acreditar. isto foi só um desabafo.

quinta-feira, março 17, 2011

assombrada



Podemos ser perseguidos pela única coisa no mundo que 
não só não nos persegue, como não nos quer perseguir?


segunda-feira, março 07, 2011

É melhor dois do que um só

É melhor dois do que um só: 

tirarão melhor proveito do seu esforço.

Se caírem, um ergue o seu companheiro. 

Mas ai do solitário que cai: 

não tem outro para o levantar!

E se dormirem dois juntos, dormem quentes; 

mas se alguém está só, como se há-de aquecer?

Se um só é oprimido, dois já conseguem resistir a isso; 

o cordel dobrado em três não se parte facilmente. 



(Ecl 4, 9-12)

sábado, março 05, 2011

workshop de escrita criativa (Pedro Sena Lino)

E aqui está o meu resultado depois do TPC que ele me deu:

A música preenche os espaços não percorridos do coração, de tal forma que me traz de volta ao que já considerava perdido e ainda ao que nunca pensei alcançar. Envolve-me, retorce-me e faz-me viajar em tempos e momentos que nunca fariam sentido noutro espaço.
Com a música fico um pouco mais perto de Deus, aproxima-me dos homens, isolados e encerrados em mim própria. Transporta-me para mundos não imaginados, percorrendo os mundos de sempre. Alucino com a continuidade  e aspiro pelo silêncio. Mas regresso recorrentemente ao vício da música que me encontra em ciclos ilógicos, semi-perfeitos, arrojados e disformes.
O meu desejo de Deus é que sustenta e dá sentido à minha vida, precisamente porque a música é o que me transcende e o que me eleva ao divino. A  música só pode vir de Deus e perpetuar-se no homem. É que as minhas emoções são mais vastas que o Inverno. Não compreendo, não posso compreender ao que a música me conduz. As minhas emoções caminham ao ritmo do que a música me oferece e desorientam o que há muito considerava orientado. Sentir é o que preciso e não tenho e o que procuro secretamente na música mas não encontro.
A música preenche os espaços não percorridos do coração. E daí não me encontrar. Sim, o que não encontro é a mim e não à música. A sala era grande e tinha movimento. Estou perdida em espaços que afinal não me pertencem. Pertenço-lhes eu? O que me perdi, Senhor! Se a Ti te peço para que me ajudes, sei que virás em meu auxílio. Mas quando? As minhas ansiedades consomem-me e o que não percebo corrói-me. Se tivesse o dom do discernimento e do acolhimento de mim própria.. Se soubesse onde descansa o meu coração que só de Ti tem desejo! É em Ti, bem sei, mas como, onde e QUANDO! 
Estou consumida pelo Amor que não tenho, que não encontro, do qual não me sinto digna. Não o mereço mas quero. Quero alguma coisa: perceber. Se o Reino de Deus é já aqui e já agora é algo semelhante ao Amor entre todos, isso seria o céu na terra. O Amor, sempre o Amor! Obcecada com o Amor, viciada nas pessoas, encontrada na vida, mas desejando um mundo onde todas as pessoas possam ser mais pessoas. Sim, desejo, ambiciono, ordeno! Onde haja um homem todo e todo o homem. Onde a vida abunde em campos largos, mares altos e sol nascente.
Por isso repito: a música enche o vazio da alma e as minhas emoções são mais vastas que o Inverno.

terça-feira, março 01, 2011

para ti, querido Luís!

Com abraço igual à distância que vai daqui, aí à República Centro-Africana! :)


Nas tuas mãos, Senhor, coloco as minhas,
junto de Ti repouso o meu ser;
à tua vida ofereço a minha vida,
à tua vontade eu uno o meu querer.
Nas tuas mãos, Jesus, coloco as minhas,
venho para Te contemplar,
preciso de Te conhecer
em silêncio, Te amar.


O pão do teu coração, que consagraste a Ti
reparte-se em acção de graças,
e dá de si
é sinal do mesmo amor...
Uma missão lhe confiaste:
ser pão do Senhor.


O pão do teu amor procura o teu coração:
multiplica-se, transforma-se,
recebe de Ti
a sua vocação:
ser dom universal de si,
unir, reparar e ser amor.


O pão do teu ser, doação eterna de Ti,
reconhece-se onde estás,
é tua transparência,
feita de Amor e Paz
pão me ofereço assim, teu pão até ao fim.