Doí-me a alma da dor do mundo.
Eu sei que o mundo é muito grande e por isso é grande a minha dor..
O "microclima" em que sempre vivi, é ainda mais micro do que o que pensava.
Eu sei que vivo demais, que sinto demais, mas não consigo não sentir.
Ainda me custa acreditar que a maioria é indiferente. Que a maioria escolhe viver as suas próprias dores, viver no pessimismo da descrença, viver auto-centrado. Que a maioria não é solidário, nem compreende esse princípio. Que a maioria.. simplesmente não quer saber. Não quer ouvir. Não tem tempo.
Que parte desta maioria acresce a este estado, a revolta, contra tudo o que mexe. Contra tudo o que não o ajuda a si, mas ajudar os outros nem pensar. Tratar mal os outros, porque alguém tem que ouvir, talvez possa ser.
"O dinheiro que ganho é para mim"
"Se a mim não me dão nada, porque hei-de dar eu alguma coisa a alguém?"
Não são frases que podiam ser, são frases que foram. Ouvidas por mim, atiradas a nós. E eu não posso, nem devo reagir mas há dias que não me contenho. É mais forte que eu. Sinto-nos como sacos de boxe. Ali, expostos na rua ao dispor de quem quiser. E hoje de novo, gritaram-me e eu a tremer por dentro e aguentar por fora.
Não posso deixar de me horrorizar perante a falta de Amor e de compaixão.
O que é que faltou na vida de todos para que o amor que experimentam, não ser tão forte que tenha que transbordar, o que é que faltou?! O que nos faz perder a vontade de dar? De ser para os outros? De assumir a corresponsabilidade de viver neste mundo?
Porque é que eu sou uma minoria, quando devíamos ser uma maioria?!
Somos humanos. Onde está a sensibilidade de olhar para o outro e perceber que está ali uma pessoa?
E se eu não cresse neste Deus que foi mais humano que todos os homens, não sei o que me valia. De facto, nada mais nos vale e Ele tem que bastar. Assim seja.