segunda-feira, dezembro 20, 2010

estrelas - muitas!

No noite dos meus anos apareceram-me umas estrelas à porta de casa.
Eu não as esperava e traziam com elas toda a Luz de Deus (e por isso são elas próprias o meu maior presente) e este poema.
Já no ano passado, tinham aqui vagueado outras estrelas.. espero que esta "moda" passe.. senão ainda morro de ataque de coração, com mais algum aniversário destes! ;)

[...]
Então eu vi chegar ao meu encontro
Aqueles que uma estrela iluminava

E assim eles disseram: «Vem connosco
Se também vens seguindo aquela estrela»
Então soube que a estrela que eu seguia
Era real e não imaginada

Grandes noites redondas nos cercaram
Grandes brumas miragens nos mostraram
Grandes silêncios de ecos vagabundos
Em direcções distantes nos chamaram
E a sombra dos três homens sobre a terra
Ao lado dos meus passos caminhava
E eu espantada vi que aquela estrela
Para a cidade dos homens nos guiava

E a estrela do céu parou em cima
de uma rua sem cor e sem beleza
Onde a luz tinha a cor que tem a cinza
Longe do verde azul da natureza

Ali não vi as coisas que eu amava
Nem o brilho do sol nem o da água

Ao lado do hospital e da prisão
Entre o agiota e o templo profanado
Onde a rua é mais triste e mais sozinha
E onde tudo parece abandonado
Um lugar pela estrela foi marcado

Nesse lugar pensei: «Quanto deserto
Atravessei para encontrar aquilo
Que morava entre os homens e tão perto»

A estrela, Sophia de Mello Breyner Andressen



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