ao contrário do que alguns possam pensar, não é nada fácil ser eu.
a maioria das pessoas vê-me e não me olha, mesmo as mais próximas.
o que quero dizer é que olhar-me dentro, seria conhecer-me. e conhecer-me custa. custa sempre e toda a gente que teima em ignorar os meus avisos. bom, se estás a ler isto, estás avisad@.
às vezes forço o olhar sem querer. forço involuntariamente que olhem cá dentro, pra no segundo a seguir me arrepender.
é sempre uma surpresa. é sempre uma dor. nem a uma mão chega os que aguentaram o embate. quanto mais inesperado, mais duro. os que aguentaram valem para vida, mesmo que não fiquem para a vida. são santos ou heróis (mas dos reais), como prefiram. sobreviveram ao que sou, o que é, no mínimo, corajoso. há outros que permanecem, mas é só porque apenas me vêem e ainda não me olharam (mas não o sabem, apesar do meu aviso).
aos que ficaram pelo caminho, é-me impossível culpá-los. se às vezes nem eu me aguento. é que não é mesmo fácil. e há qualquer coisa de inexplicável nesses que insistem em ficar, porque nem sequer é por mérito ou vontade (há quem queira mas não consiga). soa-me a algo perto do incondicional, perto de Deus. é um dos mistérios na minha vida pelo qual estou mais agradecida.
aos que vão partindo, infelizmente, posso apenas manifestar tristemente que lamento com todas as minhas entranhas e garantir que me doí mais a mim do que eles, mesmo que isso se assemelhe ao inacreditável.
não podemos voltar atrás, não podemos deixar de ser quem somos (mas sim podemos tentar melhorar), mas há coisas das quais também não podemos esperar perdão. pelo menos do humano. tenho que assumir as consequências do que sou, ainda que às vezes o seja inconsciente e impulsivamente. tenho que assumir as consequências do que sou. é cruz, trabalho a esperança da ressurreição.
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