segunda-feira, junho 18, 2012

da paranóia explicativa e/ou da recorrência irritante

tenho uma necessidade tão intrínseca quanto estúpida de explicar o que e quem me rodeia. às vezes torna-se quase obsessivo. e no entanto, o fundamento da minha vida, não tem explicação. a maioria das coisas importantes da vida não têm explicação. 

mas e quando a roda gira e saem os mesmos dados? os mesmos dados que já nos saíram tantas vezes? é impossível não querer perceber. porquê outra, outra, outra e ainda outra vez? porque é que os dados estão viciados? porque é que volto sempre ao mesmo sítio? o que é que significa? o que é me está a ser dito? o que é que eu não estou a ser capaz de ver para ter que voltar exactamente ao mesmo lugar? o que é que eu tenho que fazer? o que é que eu NÃO tenho que fazer? o que é que pode alterar o meu lugar no jogo? é para continuar? é para desistir? arriscar, apostar? não consigo não dar voltas. as mesmas cartas. os meus jogadores. tempos diferentes. só muda a cronologia. e as experiências acumuladas. questiono-me se, para além dos dados, não estará também o meu olhar (e o meu coração) viciado. questiono tudo, coloco as hipóteses todas na mesa, mas nenhuma faz sentido. sinto-me burra. incapaz de interpretar isto. ridícula. prestes a humilhar-me (again). impaciente como sempre. realizadora de filmes sem sentido e mais doloroso que isso: sem fim. sei que é diferente. sei que a jogada não começou da mesma forma mas a tortura é ser o mesmo jogo, com os mesmos jogadores. 

e eu sem explicações dificilmente aguento. sem "razões" que me descansem. sem controlo da situação. e a repetição da não explicação exaspera-me. é-me inacreditavelmente difícil aceitar o que não conheço, chama-se falta de confiança. 

e se há cartas debaixo da mesa? e se alguém está a fazer batota, bluff? e se eu tiver que perder outra(s) vez(es)? e se perdermos os dois? e se nos perdemos os dois?!.... e se a "sorte" nunca me sorrir? isto é mesmo "azar"? mas senão azar, what else?! e se fico aqui presa?! cada vez mais viciada no jogo, cada vez mais incapaz de sair, de reconhecer o vício? e se alguém se cansa de torcer por mim? e se? e se? e se? 

Já cantava o Pe Nuno Tovar de Lemos: o pior é a epidemia do se!..

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