segunda-feira, novembro 28, 2011

tenho um amigo-irmão

tenho um amigo-irmão com o coração do tamanho de todos os mundos. é um coração que se adapta ao coração que tem à frente. faz-se grande se necessário e mingua quando tem que ser.

tenho um amigo-irmão que procura estar inteiro, que vence mil barreiras mas precisava de vencer ainda a mil e um. gostava que ele soubesse que ele não é um super-homem, porque os super-homens não existem, mas existem os homens-super. e ele é bem mais que um homem-super: é um homem-mega (ou será ómega?! :)

tenho um amigo-irmão que queria que soubesse que, de facto, para estar inteiro em tudo, não se pode estar em muita coisa, mas também que não somos seres divididos e que as lutas que travamos são longas. mas afinal.. não andámos já todos no caminho da felicidade?

tenho um amigo-irmão que ainda que existisse só por minha causa e me fizesse só bem a mim, já tinha ganho o céu, mas a verdade é que ele está destinado a ganhar também a terra e por isso já é pão para muitos (ainda que ele ainda não o saiba).

tenho um amigo-irmão que é das maiores graças que Deus me deu e perante o qual me calo muitas vezes, por só o silêncio traduzir tal contemplação.

tenho um amigo-irmão que é a pessoa que mais posts "individuais" já tem neste blogue: há-de haver uma razão (é que ele é meu amigo-irmão).

obrigada!*

segunda-feira, novembro 21, 2011

Cachopo

da Páscoa que escrevi, mas nunca cheguei a publicar
_____________________________________________________


Perdemo-nos nos montes perdidos de Cachopo para visitar, acompanhar e ressuscitar com um Jesus, que também teve que se deixar perder para nos fazer reencontrar a todos com a verdadeira vida.

Nesta aldeia algarvia encontrámos a simplicidade e a pequenez. Não são muitas as pessoas, mas são todas genuínas e por isso genuíno é o acolhimento com que nos recebem e nos alargam o coração. Fomos para animar a Liturgia e saímos de coração animado. Procurámos levar esperança e companhia e saímos com Amor. Preparámo-nos para rezar com os para quem fomos enviados e estes apresentaram-se como eles próprios uma oração digna de uma vida inteira para contemplar.

Dizia a Joana: “são coleccionadores de memórias”. E é verdade. Estas gentes grandes em idade e património sentimental (mesmo os mais pequenos), fizeram com que o sentido de estar ao serviço fosse de facto a enormidade das suas pessoas mais do que os números “simbólicos” que são para outros. 

“Em tudo vos demonstrei que deveis trabalhar assim, para socorrerdes os fracos, recordando-vos das palavras que o próprio Senhor Jesus disse: ‘A felicidade está mais em dar do que em receber.’” (Act 20, 35)

E assim foi que ao terceiro dia, ressuscitámos! 
Obrigada, Cachopo!

quinta-feira, novembro 03, 2011

da solidão

da solidão que corta a alma. 
não porque estamos sozinhos, mas porque estamos sós.
porque só podemos estar sós. porque há coisas que se resolvem entre me, myself and I.

porque não existe absolutamente ninguém no mundo que nos possa ajudar, sem ser, obviamente, o próprio do Absoluto. porque o Absoluto às vezes também se cala, porque às vezes não O deixamos falar. 

porque há desertos e os desertos são inevitáveis.

porque há quem nos falhe para pudermos compreender que, ultimamente, com quem contamos é mesmo só com nós próprios. doí mas.. so what?

o ano mais só da minha vida, foi também o que cresci mais. 
venha outro. 
sei que sobrevivo, contra todas as probabilidades.