segunda-feira, novembro 02, 2009

morreste-nos.. nasceste para Deus!

Morreste-nos...
Confesso que tinha uma esperança secreta de te reencontrar ainda nesta vida.. confesso que ainda me inspiravas... que ainda te lembrava com carinho, apesar de já não tantas vezes.. é verdade, eu sei.. confesso que naquele dia em que me ligaste e disseste que estavas pior, não me preocupei. Sabia-te forte. Não tinha dinheiro no telemóvel. Não te voltei a ligar. Carreguei o telemóvel, mas esqueci-me de te ligar.. e tu, à traição, morreste-me..
Eras uma das minhas heroínas.. daquelas mulheres fortes como só as moçambicanas podem ser. daquelas mulheres que lutam contra tudo o que podem.. até contra as doenças... as doenças dos outros, que com as nossas podemos nós bem.. mas havia tantos que não aceitando a tua luta, tentavam silenciá-la... mas não se silenciam heróinas porque o seu silêncio é já um grito e uma vitória simultaneamente!
Não sei se tinhas o direito de nos morrer mas sei que às vezes tinhas a vontade... Mas depois cantavas como nesta fotografia... e parecia que nada de mal ia acontecer. Na verdade eu fui-me deixando acreditar, que como todas as heróinas serias invencível... fui-me deixando crer que havia ainda mais um abraço pra te dar... mais uma gargalhada pa rirmos... mais uma "cusquice" pra partilharmos... E agora que tenho a certeza que és eterna, lembro-me também que me falavas do céu como nunca ouvi ninguém a falar: falavas com um brilho nos olhos e ansiavas por ele com uma força e uma vontade insdiscritível... Sim, consigo imaginar-te "lá em cima" a dançar, a cantar, a dar os teus gritinhos e a seres ainda mais bonita do que já eras aqui.
Partiste para junto do que sempre desejaste. És santa. Esperaste por um domingo e na madrugada de segunda morres.. Tremo só de pensar que o pediste e planeaste assim mesmo. Aposto que rezaste o terço antes de ir e invocaste Santa Cecília.
Foste das pessoas mais marcantes da minha missão. Nem sei se Lichinga sem ti pode ser Lichinga... Eras a minha cunhada...
Mas a ti, mais do que a ninguém consigo imaginar a dizer-nos a dizer a seguinte oração:

"Se conhecesses o mistério imenso do Céu onde agora vivo,
este horizonte sem fim, esta luz que tudo reveste e penetra,
não chorarias, se me amas!
Estou já absorvido no encanto de Deus, na sua infindável beleza.
Permanece em mim o teu amor, uma enorme ternura
que nem tu consegues imaginar.
Vivo numa alegria puríssima.
Nas angústias do tempo, pensa nesta casa onde um dia
estaremos reunidos para além da morte, matando a sede
na fonte inesgotável da alegria e do amor infinito.
Não chores, se verdadeiramente me amas!"

(Santo Agostinho)

Olhas por nós? Se alguém o pode fazer és tu!
Assante sana!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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