sabemos que há mal. sabemos que há muito mal no mundo e a nossa reacção básica é fugir. é uma espécie de auto-preservação. e bem.
só que há males que são mais rápidos que as nossas pernas, mais perspicazes que a nossa imaginação, mais fortes que as nossas fracas defesas. e é nessas alturas que a tristeza nos invade. como é o mal pode ser tão mau?
não deixo de me surpreender com a minha surpresa perante o mal. sei que ele existe, já o experimentei muitas vezes, mas ele apanha-me sempre desprevenida. revolta-me as entranhas, tira-me voz e vida.
passo a vida a procurar focar-me na "implementação" do bem, a tentar promover o lado humano das pessoas e isso traz-me muitas graças, faz-me descobrir que o bem é sempre maior do que o que espero. mas depois o embate brutal com o mal também é mais dilacerante. pela graça, precisamente, de viver rodeada de muito bem.
não o deixo matar-me, não o deixo deitar-me abaixo, sei que sou mais forte que ele, mas o seu impacto é sempre estupidamente doloroso.
é de natureza do ser humano: "É que não é o bem que eu quero que faço, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico." (Rm 7, 19) mas é penoso à mesma, sobretudo quando o encontramos em sítios e em nome de coisas que nada deveriam ter a ver com o mal.
mas eu acredito profundamente na vitória do bem, do Amor. não tenho nenhuma razão, para não acreditar. isto foi só um desabafo.