(não sei muito bem contar histórias.. acho que sei melhor ser "expositora" dos feelings que os outros me transmitem e também dos que eu própria sinto... por isso, e desistindo de tentar contar o que aconteceu nesta Peregrinação do MSV, que aconteceu de 30/4 a 3/5 entre Peniche e a Nazaré, transcrevo aqui o mail de agradecimento que lhes mandei. Como dizia o S. mais do que a paisagem exterior que era lindíssima, valeu pela paisagem humana! Um ObRiGaDa ESPECIAL à S., que foi pela mão dela que entrei neste caminho! :)
Caríssimos,
O dom do acolhimento não é assim tão gratuito e automático. Muito menos se falamos em relação a um grupo e não a uma pessoa em particular. O saber acolher, como característica, implica o estar aberto ao outro, ao diferente, ao não tão comum. Saber acolher implica estar disponível, estar ao serviço, estar alerta ou vigilante como diria o nosso Amiguinho. Mas mais do que ter tudo isto implícito, é ainda obrigatório que o outro a quem é dirigido/oferecido este acolhimento o sinta, porque sem o outro não faz sentido, e se o outro não o sente é porque alguma coisa está a falhar no encadeamento.
Não foi o facto de toda a gente saber o meu nome (éramos uma minoria de “outsiders” e quase nenhum nome repetido dos vossos), não foi o falarem comigo nem interessarem-se por mim ou pela minha história. Foi o terem vindo ao meu encontro, literalmente. Foi quererem conhecer-me e não só ter uma conversa simpática. Foi o não terem uma curiosidade quase mórbida (no sentido de estrambólica) e científica sobre a minha missão que tanta gente agora me parece ter. Foi o não quererem só ouvir mas também escutar. Foi o procurarem sem saber se encontrariam. Foi o caminharem comigo, mas sobretudo, deixarem-me caminhar convosco. Foi o quererem partilhar, dar e, como se diz em Moçambique, só estar só. Foi ainda o não deixarem de ser MSV: não deixarem de usar a vossa linguagem, a vossa postura, o vosso ser, mas ainda assim quererem ser mais MSV porque acreditarem que há outros que não estando dentro, passam dentro.
Já pra não falar das bolhas curadas, dos passos encurtados, dos tempos perdidos, das preocupações manifestadas, das brincadeiras encorajadoras, dos sorrisos genuínos, da paciência esticada, dos lugares oferecidos, dos olhares abraçados, das palavras aconchegantes, das cantorias alegres, dos saltos energéticos e dos corações disponíveis…
E ainda assim sim, o MSV não é perfeito. Continuam a ter os vossos problemas e questões como todos os grupos (fazia parte também de um movimento de jovens antes de ir para Moçambique, sei o que sentem, percebo o que falam). E vão continuar a ter e, sobretudo, vão continuar a ter opiniões diferentes sobre quais os problemas e como resolvê-los mas isso é saudável, pressupõe que as coisas não são estáticas e que há lugar para evoluir. Liberdade para criticar e mudar. Subentende… movimento, que como alguém dizia na Peri, é por isso que vocês não se chamam.. grupo de qualquer coisa!
Por isso coragem, força e ânimo! Desde que haja oração, desde que haja Deus como razão e fundamento de tudo (ainda que com diferentes manifestações) faz sempre sentido continuar, nem que seja continuar a tentar. Há uma passagem bíblica que diz muito claramente que o que for verdadeiramente de Deus, há-de permanecer independentemente dos obstáculos e crises que surjam, o que não for de Deus, inevitavelmente… desaparecerá. Por isso é confiar porque se é de Deus que o MSV veio… então Deus há-de cuidar.
E já no fim mas não esquecendo o propósito deste mail… Por tudo isto e pelo mais não aqui expresso… ASSANTE SANA (muito obrigada, num dos dialectos do norte de Moçambique). Trago-vos no coração. Mesmo que as nossas vidas venham a ser trocadas e pouco cruzadas, já valeu. “Soube-me pela vida” esta oportunidade de me por a caminho convosco e poder sentir as vibrações das vossas sintonias, das vossas buscas e dos vossos sonhos. Ainda que não ditas, ainda que não expostas, ainda que não acalmadas. E ainda que eu traga comigo as mazelas físicas acumuladas.. trago no mínimo, o coração mais largo!
Obrigada!
Estamos Juntos!
Baci,
andreia carvalho