lembro-me sempre que é mau. que me doeu, que me custa, que posso não chegar ao fim. mas ainda assim com a memória dura do(s) caminho(s) anterior(es), finjo que é possível e vou.
não penso muito se é o momento mais favorável, não faço muitas contas nem procuro muitos pormenores, rezo baixinho a mim própria que desta vez vai ser melhor. e depois não é, e também já sei isso, mas volto.
ponho-me a caminho. tento ser criteriosa nas companhias, que as companhias são importantes nestas matérias, mas mais que companhias próximas, escolho é companhias sólidas. e a escolha não podia ter sido mais acertada. se é para ir a pé a Fátima, mais vale ir com os "mestres (experimentados) do ofício".
não penso muito se é o momento mais favorável, não faço muitas contas nem procuro muitos pormenores, rezo baixinho a mim própria que desta vez vai ser melhor. e depois não é, e também já sei isso, mas volto.
ponho-me a caminho. tento ser criteriosa nas companhias, que as companhias são importantes nestas matérias, mas mais que companhias próximas, escolho é companhias sólidas. e a escolha não podia ter sido mais acertada. se é para ir a pé a Fátima, mais vale ir com os "mestres (experimentados) do ofício".
além das bolhas, das dores e dos calores, há sempre outros factores desconcertantes, inerentes à partilha de caminho com outros. e se umas vezes damos cem de fruto, outras sufocamos mais que espinhos.
mas que caminho podemos fazer a pé que seja mais difícil que os desafios permanentes do nosso quotidiano? não temos sempre dores, feridas e outros que nos incomodam e a quem incomodamos? e entre isso e intrincado com isso, pessoas belas e paisagens descansativas, orações repetidas e Deus que reza em nós, conversas profundas e anjos que te alimentam no deserto. e a trama adensando-se, complica-se e já não podemos falar só mal ou só bem porque o mistério está no todo que se proporcionou e processou e que já não divisível. e até, curiosamente, acaba por ter mais força o bem e o bom.
temos fases desesperadas, teimosas, alegres e animadoras. mas se o próprio caminho não se repete, como nos podemos repetir a nós próprios? a dor de ontem já não é a de hoje, nem que seja porque a de hoje é maior. e nós perante a dor também não somos os mesmos: temos mais kms em cima mas menos para percorrer. e o que agora me motiva, foi o que ainda na última paragem me quis fazer desistir.
ainda assim cá dentro, sabemos onde temos o nosso tesouro. e se ele é forte, mesmo sendo difícil, avançamos. mesmo não querendo pedir ajuda, pedimos - porque mais importante que fazer sozinho ou junto, é chegar. e é esse o desejo que se repetirá, como compasso de banda marcial, o resto das nossas vidas: o que queremos é chegar. chegar a pessoas, chegar a casa, chegar às férias, chegar a ter paz, chegar a ser santo, chegar a ser capaz, chegar ao Amor.
podemos fazer em mais ou menos tempo o caminho, mas ele não se repete nem desaparece e quando olhamos para trás com nostalgia ou alegria, vemos história construída - património que ninguém nos pode roubar, erigido com esforço, dor e alegria.
entretanto algures neste caminho, Ele começou a sussurrar: "caminha sobre as tuas próprias feridas". mas rapidamente o sussurro transformou-se em voz clara, a voz clara em tom reivindicativo, o tom reivindicativo em ordem. a ordem repetida até à exaustão. até que eu própria tive que Lhe gritar: "já ouvi! se calhar não percebi o alcance todo disso mas pelo menos, já ouvi!". chato. Ele às vezes é um chato. bem sei que padecemos todos de ouvido duro em relação a Deus, mas Ele às vezes também não se cala. e às vezes também, a única forma de O calar é obedecer. já não serve fingir que não ouvimos, já não chega distrair a atenção, já não convence ouvir outras vozes. há um momento em que, mesmo sobre feridas, só podemos caminhar. só devemos caminhar, só nos resta caminhar. e só caminhar atenua a dor. o que mais me custava a determinado momento era mesmo estar em pé parada. ou bem que estava sentada/deitada a descansar ou estava a andar. parada em pé é que me dava umas dores tenebrosas.
e creio também cada vez mais que é isso que Deus me pede: a não estagnar, a não paralisar de dor, a não sofrer indefinidamente em cima da mesma dor, a não me queixar, a não ficar presa sobre mim mesma, a não deixar de querer avançar ainda que doa, porque ainda assim dói menos que ficar no mesmo sítio, a não ter medo de mais dor.
portanto: ou bem que descanso em Ti ou bem que avanço em Ti ou bem que aprendo esse delicado equilíbrio. congelar não vale. contemplar-me a mim própria no vazio não vale. inventar dores não vale.
e se não valesse por mais nada, valeria pelo sussurro, voz clara, tom reivindicativo e ordem repetida até à exaustão. mas valeu por outros tantos mais que seriam demasiados de (d)escrever.
*obrigada mega-hiper-organização "mestre de ofício", obrigada peregrinos do Amor.
e creio também cada vez mais que é isso que Deus me pede: a não estagnar, a não paralisar de dor, a não sofrer indefinidamente em cima da mesma dor, a não me queixar, a não ficar presa sobre mim mesma, a não deixar de querer avançar ainda que doa, porque ainda assim dói menos que ficar no mesmo sítio, a não ter medo de mais dor.
portanto: ou bem que descanso em Ti ou bem que avanço em Ti ou bem que aprendo esse delicado equilíbrio. congelar não vale. contemplar-me a mim própria no vazio não vale. inventar dores não vale.
e se não valesse por mais nada, valeria pelo sussurro, voz clara, tom reivindicativo e ordem repetida até à exaustão. mas valeu por outros tantos mais que seriam demasiados de (d)escrever.
*obrigada mega-hiper-organização "mestre de ofício", obrigada peregrinos do Amor.